7 em cada 10 cigarros vendidos no estado têm origem ilícita, segundo o Instituto de Pesquisa e Consultoria Estratégica.
Um estudo encomendado pelo Fórum Nacional Contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP) ao Instituto de Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) mostra que o Maranhão concentra um dos maiores mercados de cigarros ilegais do país: 7 em cada 10 cigarros vendidos no estado têm origem ilícita. O levantamento aponta que esse comércio ilegal movimentou cerca de R$ 356 milhões em 2024 e provocou uma evasão aproximada de R$ 111 milhões em ICMS.
No conjunto do Nordeste, o problema também é grave: a região concentra a maior participação regional de cigarros piratas do Brasil — 43% do mercado regional contra uma média nacional de 32%. Entre os estados mais afetados, além do Maranhão, estão Piauí e Rio Grande do Norte, ambos com índices na casa dos 60%.
O estudo descreve um cenário em que, além de marcas genéricas, circulam cópias quase idênticas de marcas paraguaias, algumas produzidas clandestinamente em território nacional. No ano passado, foram fechadas nove fábricas desse tipo; nos últimos 13 anos, 64 unidades foram desativadas.
Um levantamento inédito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) reforça a ligação direta entre o comércio ilegal de cigarros e o aumento da violência no país. A análise mostra que cada aumento de 1 ponto percentual na taxa de ilegalidade do mercado de cigarros está estatisticamente associado a 892 novas ocorrências de tráfico de drogas, 239 homicídios dolosos, 629 apreensões de armas de fogo, além de 30 latrocínios, 339 roubos de carga e 2.868 roubos de veículos por ano.
A FGV aponta ainda o peso econômico desse mercado para o crime organizado: o cigarro ilegal gera cerca de R$ 10,2 bilhões por ano às organizações criminosas, o equivalente a aproximadamente 7% do faturamento dessas redes. Segundo o estudo, esse fluxo consolida um vínculo estrutural entre o cigarro ilegal e a economia do crime, pois as mesmas rotas e recursos logísticos empregados no contrabando de cigarros servem também a outros mercados ilícitos.
Por que o índice é tão alto no Maranhão?
O Imparcial conversou com o presidente do FNCP, Edson Vismona, sobre os resultados do estudo. Questionado sobre a alta presença de cigarros contrabandeados no estado, ele explicou:
“O mercado ilegal segue a lógica econômica: o consumidor procura produto mais barato e encontra o ilegal, que não paga imposto. Há novas rotas que trazem o produto do Paraguai direto para o Nordeste, tornando o ingresso mais fácil. É um negócio de alto lucro e baixo risco.”
Ao comentar estratégias de combate e repressão ao mercado ilícito, Vismona foi categórico:
“É preciso agir sobre a oferta: tirar o produto do mercado. Isso exige integração, troca de informações e inteligência entre forças estaduais e federais. Por isso é importante a ideia de um Centro de Integração e Controle permanente para mapear como o produto chega e é distribuído.”
Segundo o presidente do FNCP, além da perda de arrecadação de impostos, a presença massiva do cigarro ilegal reduz a competitividade do comércio formal e fortalece financeiramente grupos criminosos que disputam rotas e pontos de venda. Esse cenário, afirma ele, tende a gerar um aumento da violência e serviços públicos com menos recursos.
O Imparcial
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