A principal legislação para proteção da infância e
adolescência do país, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completou 26
anos nesta quarta-feira (13). A data foi marcada com uma audiência
pública realizada na Câmara dos Deputados, onde os participantes debateram os
avanços alcançados nas políticas nacionais voltadas ao atendimento dessa
parcela da população, além dos desafios para a efetiva implementação
do ECA.
A partir da aprovação do ECA, em 13 de julho de
1990, foi garantida a doutrina da proteção integral aos direitos da criança e
do adolescente, adequando a legislação nacional à Convenção sobre os Direitos
da Criança da Organização das Nações Unidas, promulgada pelo Brasil em 1990.
Também detalhou o artigo 227 da Constituição Federal de 1988, que define a
criança e o adolescente como uma prioridade absoluta.
Segundo avaliação do Conanda(Conselho Nacional
dos Direitos da Criança), foram identificados os seguintes progressos desde
1990: ampliação do acesso à escolarização, superação da extrema pobreza,
proteção à saúde materna, ampliação da cobertura vacinal e redução da
mortalidade infantil, a diminuição do trabalho infantil e a erradicação do
sub-registro de nascimento.
Em relação a aprovação de normativos legais que,
junto com o ECA, ajudam o país a ter uma das legislações mais avançadas do
mundo em relação a crianças e adolescentes, estão a lei de criação do Sistema
Nacional de Atendimento Socioeducativo – Sinase e as leis que criaram
os planos nacionais de Educação, de Enfrentamento à Violência Sexual e de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
Por outro lado, o Conselho demonstrou preocupação
com atual cenário no país, em que são debatidas mudanças na legislação para
reduzir a maioridade penal e aumentar o tempo de internação para adolescentes
em conflito com a lei. Outros aspectos preocupantes citados
pelo Conanda são a violência física, institucional, verbal e a
tortura, a exploração do trabalho, a longa permanência em instituições de
acolhimento e o desrespeito ao direito de opinar e participar.
O presidente do Conanda, Fábio Paes, destacou
que um dos problemas que precisa ser enfrentado pelo Estado brasileiro é e a
falta de ações que contemplem a diversidade de segmentos da sociedade, como as
crianças indígenas, quilombolas, de fronteiras e dos povos das florestas. “A
agenda da criança e do adolescente, nesse sentido, deve ser um espaço de
articulação com outras políticas e segmentos”, disse. “Construímos e publicamos
o ECA. Agora, precisamos fazer uma defesa mais contundente e real dessa legislação”.
Mencionou ainda como uma grave questão o alto índice
de homicídios. Segundo o relatório Violência Letal Contra as Crianças e
Adolescentes do Brasil, 29 crianças e adolescentes são assassinados
por dia no país. “O estudo evidencia ainda que as meninas e meninos negros e de
periferia são os principais alvos da violência. Esse genocídio é uma triste
realidade”, complementou Paes, ao citar o relatório, que foi divulgado no
último dia 30 de junho.
O tema também foi abordado na apresentação da secretária
nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente substituta, Ana
Lúcia Starling, que classificou o “extermínio da juventude negra” como o mais
“terrível desafio que a sociedade brasileira tem para encarar e discutir”. De
acordo com Starling, que também é vice-presidente do Conanda, há
diversas vitórias na promoção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes
alcançadas ao longo desses 26 anos do Estatuto, mas ainda há muitos desafios
para que ele seja cumprido na íntegra. “Convivemos com desafios antigos que
permanecem mesmo depois da vigência do Estatuto e surgem novos trazidos pelas
mudanças culturais da sociedade”, afirmou.
Uma das convidadas do encontro na Câmara, a
adolescente Carolina Nunes Diniz defendeu a garantia de uma maior participação
de crianças e adolescentes na construção das políticas públicas. Afirmou ainda
que o país passa por um momento em que é preciso lutar para evitar retrocessos
nos direitos já conquistados. “No momento em que o ECA completa 26 anos,
nós deveríamos estar debatendo novos direitos. No entanto, somos
obrigados a fincar os pés no chão para não ter nenhum direito a menos”,
encerrou.
Homenagem: No encontro comemorativo aos 26 anos
do ECA, foi prestada uma homenagem a ex-secretária nacional de
Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Angélica Moura Goulart, que
faleceu nesta quarta-feira. Todos os expositores destacaram sua dedicação e
empenho para a construção de políticas públicas voltadas à efetivação dos
direitos humanos de meninas e meninos brasileiros. Angélica ocupou o cargo
entre setembro de 2012 e outubro de 2015.
E
aqui em Açailândia do Maranhão, comprovando o “estado de concordata/bancarrota”
dos DCA/Direitos da Criança e do Adolescente, processo lento, gradual e
seguro de destruição que vem de janeiro de 2013 para cá, o “sgdca/sistema de
garantia de direitos de Crianças e Adolescentes”, e sua principal instituição
local, o COMUCAA/Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente,
criado justamente pelo ECA (artigo 88), , não se dignou sequer a uma simples
“nota”, quanto mais promover um “é vento” de maior envergadura e repercussão...
(Eduardo Hirata)
Da
SEDH-PR, DF
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